segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Opinião dos Rumos do Vinil + Crítica Sobre O País da Desculturação

Feira de vinil em SP.

Recentemente, o ex-Oasis Noel Gallagher e outros astros emitiram sua opinião a respeito do atual revival do vinil. Como amante da música e colecionador de discos fiquei instigado a também expressar a minha opinião.
Por si só essa volta dos discos de vinil, nossos queridos bolachões, já é surpreendente! Depois de estar fadado a extinção nos anos 90, passou por altos e baixos, mas sempre seguiu por aí e nunca deixou de circular de fato.


Quando comecei a me interessar de verdade por música, com meus 12 ou 13 anos, o vinil já era coisa do passado. Tínhamos o CD e o MP3, comecei a ouvir e colecionar música por este segundo. Depois de começar a ouvir rock & roll e descobrir que aqueles CDs cheios de música que minha mãe guardava em casa na verdade eram álbuns e que podíamos encara-los como arte assim como os filmes, em VHS claro, já que na época eu ainda não possuía DVD.
Fui buscando as chamadas discografias – uma palavra nova que usaria pelo resto da minha vida – e colecionando os álbuns em pastas de arquivo cheias de MP3 e capas em jpg.
Quando comecei a trabalhar e comprei meus primeiros CDs acabei fazendo disto um hobby, passei a colecionar de verdade, mas nunca comprei por comprar, sempre comprei por gostar.
Com o tempo me interessei também por LPs, andando pelos sebos de SP ficava admirando aquelas capas gigantes e percebia o fetiche dos rockers mais velhos por aquele objeto.
Só quando comprei meus primeiros LPs saquei o lance por trás do colecionismo do vinil.
Mas tudo é questão de gosto, há quem prefira CD, K7, MP3, etc. Não julgo. É quase como religião, futebol, politica, cada um tem uma opinião e provavelmente vai defende-la a qualquer custo.



Agora sobre o revival do vinil.
Acho um movimento válido. Se vai durar? Realmente não dá para saber.
Pode passar rápido e cair novamente em desinteresse ou não. É muito difícil o interesse pelos LPs continuar crescendo sem o apoio da mídia. Já que a rentabilidade da música hoje baseia-se basicamente em vendagens de formatos digitais, shows e visualizações no Youtube.
Quem mais sairia ganhando nessa história seriam as gravadoras. Que por sua vez também tiveram de se virar para arrumar outros meios de lucrar com o boom do MP3.

Positivamente o revival do vinil é uma resposta a atual falta de interesse cultural. Temos todas as facilidades tecnológicas possíveis para conhecer milhares de coisas novas e mesmo assim vivemos num mundo que a qualidade musical está degringolando cada vez mais. Já não dá para diferenciar as coisas, pois tudo tem sido enlatado em um irritante formato comercial: o rock, o samba, a black music, o sertanejo/country, tudo. Mesmo gêneros tradicionais caem na máquina processadora que transforma a matéria prima em um “enlatado de USA”.
O interesse pela mídia física é um alento. Mostra que ainda existem pessoas que apesar de terem os ouvidos diariamente bombardeados por lixo sabem separar o joio do trigo. Sem definir gêneros claro, o importante é que a boa música possa ser apreciada em sua qualidade total (o que formatos digitais não proporcionam).

Negativamente prejudica quem sempre colecionou e agora sofre com a inflação dos preços graças a lei da oferta e procura. O alto custo impossibilita também que uma grande massa passe a consumir LPs em larga escala no Brasil, já que vivemos no país dos impostos e do emburrecimento cultural. Não existem leis que ajudem a população de baixa renda a ter acesso a cultura ou que ao menos incentive o consumo da mesma. Seja por meio de acessibilidade ou redução de impostos sobre os produtos importados.

Quando mudei de SP para Maringá-PR empolgado pela ascensão do vinil quase abri uma loja de discos usando minha própria coleção como estoque inicial. A crise financeira não me permitiu. É um sonho que engavetado. Quem sabe um dia.

Particularmente, acho até que longe do nosso querido Pindorama a volta do vinil pode durar sim. Principalmente em países economicamente mais bem estruturados.

Já para nós moradores desse “pais tropical abençoado por deus e bonito por natureza” parece mais é um luxo para poucos, quase como um “Iphone sei lá o que” ou alguma coisa assim.

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