quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Melhores Álbuns de 1965

B.B. King o "Rei do Blues" detonando ao vivo com sua inseparável Lucille.

Chegamos em 1965 com muitas mudanças acontecendo. No Brasil era fundado o partido ARENA (que apoiava o governo militar) e seu opositor o MDB, nascia a emissora mais poderosa do país a Rede Globo de Televisão e começavam as primeiras manifestações contra a Ditadura Militar. No mundo, a Alemanha Ocidental e Israel restabelecem relações diplomáticas pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial. O ativista negro Malcolm X (*19/05/1925 - +21/02/1965) é assassinado em Nova York e tem início a Guerra do Vietnã com a invasão dos EUA ao Vietnã do Sul.
Na música um fato inusitado: a Rainha Elizabeth II concede o título de Membro do Império Britânico aos Beatles – gerando revolta de heróis de guerra condecorados com a mesma honraria. O Fab Four faz um concerto histórico no Shea Stadium com audiência recorde de 55.600 pessoas, enquanto no Brasil era realizado a primeira edição do Festival de Música Popular Brasileira. Neste ano faleceram o cantor de jazz Nat King Cole (*17/03/1919 - +15/02/1965) e o deejay americano Alan Freed (15/12/1921 - +20/01/1965) considerado o inventor do termo “rock ‘n’ roll”.


1965:

10º The Byrds – Turn! Turn! Turn!
(Folk rock / Columbia Records) – Com uma mistura de folk e rock inspirada em Dylan e nos Beatles, os Byrds tem o mérito de ter reinfluenciado seus ídolos. Com este álbum se aprofundaram ainda mais no folk recém eletrificado, utilizando em larga escala guitarras de 12 cordas e harmonias orientais.






9º The Beach Boys – The Beach Boys Today!
(Rock / Capitol Records) – Este foi o primeiro álbum em que Brian Wilson decidiu cancelar as turnês com os Beach Boys para concentrar-se exclusivamente no trabalho de estúdio – ideia que os Beatles também adeririam em breve. É um álbum estranha, mescla surf rock, classical pop e algumas das primeiras canções com tendências vanguardistas da banda.





8º B.B. King – Live at the Regal
(Blues / ABC Records) – Mostra o “Rei do Blues” detonando em uma grande performance no Regal Theater, em Chicago, Illinois. O poder da guitarra de B.B. King com suas interjeições pontuais tornaram-se referência para boa parte dos britânicos que iniciariam um revival do blues que até o final dos anos 60 era um gênero extremamente marginalizado.





7º The Who – My Generation
(Rock / Brunswick Records) – A estreia do The Who é uma mistura de blues, r&b e mod rock. Apesar de terem produzido álbuns melhores durante sua carreira nunca mais conseguiram repetir a energia explosiva de My Generation novamente em estúdio. Assim como a estreia dos Beatles sintetiza basicamente canções que costumavam tocar em seus shows nos clubes ingleses. Daí a crueza e urgência do álbum.




6º Otis Redding – Otis Blue/Otis Redding Sings Soul
(Soul / Volt Records) – É o álbum comercialmente mais bem-sucedido da carreira do soulman Otis Redding. Sua performance vocal impressionante é amparada por um time estelar de músicos: participaram das gravações Booker T. & the M.G.’s, além de membros do The Mar-Keys e do The Memphis Horns.






5º John Coltrane – A Love Supreme
(Avant-garde jazz / Impuse Records) – Considerado a obra-prima do saxofonista John Coltrane que faz um apanhado em sua carreira misturando estilos que havia experimentado previamente, do hard-bop ao modal jazz, passando pelo free jazz. O poder embutido nos quatro temas do disco é de arrepiar. Essencial para quem curte música carregada de emoção.





4º The Beatles – Help!
(Rock / Parlophone Records) – A trilha-sonora do segundo filme dos Beatles é uma das maiores preciosidades deixadas pelos anos 60. Gravado no auge da beatlemania, simboliza o início da mudança lírica do grupo que traria mudanças significativas para a música pop mundial nos próximos anos. Pela primeira vez o Fab Four fazia música não simplesmente como entretenimento jovem, mas como arte. Pela primeira vez George Harrison teve uma participação de destaque, colocando duas composições próprias no disco. O álbum traz forte influência da música folk melancólica de Bob Dylan. As harmonias de violão/guitarra dos Byrds também juntamente com o uso extensivo de instrumentos de teclas os ajudaram a moldar um novo tipo de som mais sofisticado.

3º Bob Dylan – Bringing It All Back Home
(Folk rock / Columbia Records) – O disco que chocou os puristas do folk. Como podia o messias folkista tornar-se um Judas elétrico?! O próprio Dylan explica: “...Cansei de ser o trovador solitário cantando “Blowin’ in the Wind” dia após dia”. Seu primeiro disco eletrificado tem influencias dos Byrds, dos Beatles e de mestres do blues de Chicago. Deixou as letras politizadas de lado e concentrou-se em escrever temas mais pessoais e/ou abstratos. Seu fluxo de pensamento potencializado pelo consumo de drogas fez com que os versos parecessem jogados em sequência, como uma conversa volumosa e fluída. Podemos facilmente nos perder no jogo de palavras. Apesar de ter um lado inteiro elétrico, o álbum ainda é um momento de transição de Dylan entre a música folk acústica e sua total fusão com o rock.

2º The Beatles – Rubber Soul
(Rock / Parlophone Records) – Foi o primeiro álbum gravado de maneira continua pela banda. As gravações dos cinco discos anteriores aconteceram sempre de maneira gradual entre seus shows. Fortemente influenciados pela recente eletrificação de Dylan, fizeram quase o caminho inverso ao adicionar instrumentos mais orgânicos em suas músicas. O lirismo abstrato foi outra grande influência do cantor americano. É apenas o início do período mais genial na carreira do Fab Four, quando destruíram a barreira da música pop e jogaram-se na música de vanguarda.


1º Bob Dylan – Highway 61 Revisited
(Folk rock / Columbia Records) – O batismo elétrico de Dylan. Se no álbum anterior o cantor converteu-se ao rock ao abandonar seu violão e empunhar uma guitarra, seu total sacramento veio em Highway 61 Revisited. Levou esse novo conceito ainda mais longe ao lado de uma banda composta de músicos de outros gêneros de raiz que já haviam se eletrificado anos antes. Com exceção da última faixa, o disco é recheado de um folk rock cortante guiado por licks incisivos do guitarrista Mike Bloomfield e várias camadas de órgão e piano. É de uma clareza impressionante para a época, se colocarmos a bolacha pra rodar na vitrola e fecharmos os olhos podemos nos situar dentro do estúdio, visualizando claramente a posição de cada músico com a voz de Dylan sempre centralizada. Sua importância para a música popular é inestimável, já que foi um dos discos que mais ajudou a romper limites e expandir os mais diversos horizontes musicais.

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